quarta-feira, 16 de novembro de 2011

As coisas que são sem ser.

Um dos jargões que o Slavoj Zizek gosta de usar é sobre a questão do “café descafeinado”. O que isto? É algo que existe sem a substância. Algo que é mais não é: cerveja sem álcool, doce sem açúcar, etc. 

A moda na política brasileira, com toda esta onda de marcha contra a corrupção, de luta pela transparência, de implantação da democracia e blá, blá, blá, se situa neste mesmo mundo das coisas que são sem ser, das coisas sem as suas substâncias. Capitalismo sem corrupção? Capitalismo transparente? Capitalismo democrático? Ei, garçom, traga aí pra mim uma água com gás - sem gás - por favor!! 

O que de fato queremos, como disse o Robespierre, é uma revolução sem revolução, uma vitória sem derrotados, uma mudança que nos deixe onde estamos e da forma que tudo está. 



Por isto que quando alguém reclama comigo da corrupção, quando alguém me chama para todas estas marchas e passeatas, a primeira coisa que eu pergunto é: tá disposto a derrubar o sistema capitalista? Acredita no fim do capitalismo? Se a resposta for não, então eu deixo estes indivíduos seguirem suas marchas que os levam para o mesmo ponto de partida, os deixo tomando seus cafés descafeinados... 

E eu? Eu sento no bar e digo: garçom, uma cerveja – com álcool – por favor. 

Autor: Wagner Francesco.


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